14 de agosto de 2013

Como a escola desestimula o hábito de leitura.


Não é surpresa para ninguém ouvir um adolescente falar "não gosto de ler". Qual é o motivo para tal afirmação? Muitos podem culpar os computadores e os video games, porque os jovens preferem isto a um livro. Mas será que a culpa realmente é da tecnologia?

Com certeza, muitos já devem ter ouvido um professor dizer "esta geração não lê mais!", e que a juventude tem ficado cada vez mais disposta a trocar o livro pelo celular. Mas qual é o motivo disso? Por que um professor na sala de aula está culpando o aluno por não adquirir o habito de leitura, quando é do dever da escola de estimula-lo? A resposta é simples: o sistema é aplicado erroneamente.

Vamos começar com um bom exemplo: Machado de Assis. Não há dúvidas de que Machado tenha sido, e ainda é, um dos maiores escritos de todos os tempos, e sim, um aluno deve conhecer e ler suas obras, sempre levando em conta a mudança que causou no mundo literário. Porém o problema está aí, muitos professores colocam Machado de Assis na lista de livros de seus alunos do ensino fundamental, sendo que não irão entender sua linguagem. O problema é que não se pode dar um livro clássico a um pré adolescente que ainda está começando a se interessar por ler e esperar simplesmente que ele entenda, pelo contrário, isso vai entediá-lo e contribuir para que desvie seu interesse da leitura.

E a questão de que esta geração não lê mais, será que é verdade? É só levar em conta a quantidade de livros publicados para o público infanto juvenil. Não parece algo inútil muitos livros serem escritos para um público que não lê? Porém milhares e milhares de cópias são vendidas anualmente destinadas ao público jovem, desde Percy Jackson até Crepúsculo, sendo que uma das escritoras mais cultuadas desta geração é J. K. Rowling, autora da série de livros Harry Potter que já vendeu mais de 450 milhões de cópias.

"Só que estes livros não são clássico, a juventude precisa aprender a apreciar os escritores nacionais". Sim, concordo, todos precisam conhecer os escritores que fizeram da literatura nacional o que ela é, assino onde tiver que assinar a favor deste argumento. Porém, é mais fácil que os alunos se interessem primeiramente por livros de sua faixa etária, com histórias que lhe agradem, pois só assim que eles terão um conhecimento maior para poder ler livros de autores clássicos. Mas sempre tem a pessoa que fala "este tipo de livro não é cultura". Agora terei que discordar do argumento. Quando você começa a ler um determinado tipo de livro, você acaba abrindo um leque que pode te levar a procurar outros livros que lhe interessem e que, muitas vezes, são clássicos.

Sempre que terminamos uma série ou um livro que gostamos muito, procuramos por algum livro que seja parecido. Por exemplo: Uma pessoa que termina a série Harry Potter, pode ter interesse em ler O Senhor dos Anéis. E após terminá-lo, pode acabar procurando pelos livros de Julio Verne, e depois procurar por livros sobre Rei Arthur, ou mais precisamente, sobre o mago Merlin.
Outro exemplo que pode ir até mais além é a série Crepúsculo. Alguém que gostou da história de um romance entre um vampiro e uma humana pode ir atrás do livro Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice. E se quiser aprofundar-se mais, ainda tem a fonte das histórias de vampiros que é o clássico Drácula, de Bram Stoker. Ou Jogos Vorazes, que é uma introdução para jovens que possam, futuramente, procurar por 1984, de George Orwell, ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Anteriormente eu toquei no assunto da tecnologia e que ela é culpada por atrapalhar o interesse na leitura. Contudo, é por causa da tecnologia que o acesso aos livros ficou muito mais fácil, tendo como realizar downloads de livros, ocasionando o lançamento de E-Books (livros digitais) e Pocket Books (livros de bolso), que o custo é mais em conta do que antigamente, quando os livros eram muito caros e pouco acessíveis. O aluno só irá adquirir o gosto pela leitura por meio de incentivo não só de sua família e de seu convívio, mas principalmente da escola, que é onde passamos a maior parte de nosso crescimento, e onde influencia o desenvolvimento da nossa personalidade e do nosso caráter.


Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Olá! Excelente comentário. Exatamente o que eu falo: não tem como passar Machado de Assis para quem nunca leu ou está começando a ler um livro inteiro. As obras tem que ser de acordo com a idade, o desenvolvimento do leitor e a maturidade!

    Abraços, Isabela.

    www.universodosleitores.blogspot.com.br

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  2. Você descreve aqui a mais pura verdade. É fato que os livros de Machado de Assis e Clarice Lispector não são muito interessantes para crianças e adolescentes em geral, por isso é necessário abrir caminhos secundários. E o caminho de livros populares para os clássicos é bem curto, assim como você citou de Crepúsculo para Drácula.
    Esse artigo ganhou meu coração.
    E por experiência própria, a tecnologia realmente facilita a vida do jovem leitor.

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário, fico feliz que tenha gostado =D

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  3. Sou professora, mãe e leitora assídua, leio tudo até bula de remédio, e o que vejo são livros desinteressantes que não despertam a curiosidade da criança. Meu primeiro livro foi " Zezinho o dono da porquinha preta" da excelente coleção vaga-lume.Nossa!Eu não conseguia parar de ler, sempre pensava: Só mais um capítulo para ver se ele vai ficar sem a porquinha...Sensação única que não vejo em meus alunos e em meus filhos nas leituras dos paradidáticos selecionados pela escola.

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  4. A palavra que resume é EMPATIA. Só isso é preciso pro ensino evoluir um pouco.

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